Caros,
a pedido dum grande amigo envio esta carta. Sei que é um texto algo extenso, mas aconselho-vos a ler de modo a estarem ao corrente do que se passa na nossa Academia.
"Caros,
Findo que é o processo da “Eleição dos Representantes dos Estudantes no Conselho Geral” da UMa, o qual culminou, entre outras coisas, na vitória da Lista A com dois mandatos contra um outro alcançado pela Lista B, e depois de todos estes dias de profunda e exaustiva reflexão acerca, obrigo-me a dirigir-vos as palavras que se seguem.
Antes de mais, incumbe-me o dever de agradecer a todos quantos acreditaram e apoiaram o projecto da Lista A, particularmente aos anónimos que votaram em nós; às várias personalidades da nossa Academia que, mesmo correndo riscos pessoais e de carreira e detendo significativas e assumidas diferenças ideológicas particularmente em relação à minha pessoa, não se coibiram de dar, publicamente, a cara por uma causa maior e comum; aos meus colegas e amigos; à ex-aluna da UMa, amiga e verdadeira causídica - Dr.ª Magda Ascensão; à minha família de consanguinidade e demais e a Deus que, apesar de eu ser tão indigno, sempre me concede protecção.
Não obstante o resultado obtido ser considerado por muitos como um excelente resultado, até porque, em bom rigor, é fruto de uma injusta, desigual e desleal luta que tivemos que travar contra muitas e poderosas facções, não posso deixar de retirar as ilações que tenho por convenientes.
Em suma, é meu entender que a Academia (não foram só os Estudantes) deliberou o seguinte:
- Conceder um mandato a uma lista que, por ser elaborada, apoiada e manipulada a todos os níveis por uma conhecida docente de enfermagem, foi constituída única e exclusivamente por colegas de enfermagem com o pretexto de representar o Colégio Politécnico. Pena foi terem-se esquecido que todos os colegas dos CET’s, além de serem alunos da UMa de pleno direito, estão afectos a esse mesmo Colégio;
- À semelhança do ocorrido no último mandato, permitir que, nos dois próximos anos, não seja possível, aos Estudantes com assento no Conselho Geral da UMa, marcar a agenda do mesmo com a apresentação de propostas próprias que visem alcançar verdadeiras e necessárias mudanças, isto porque a experiência (e bem tentamos contrariar este desditoso cenário no passado) dita-nos que a colega eleita pela lista da enfermagem jamais tomará qualquer posição que não seja devidamente aprovada pela sua mentora, isto após negociação prévia em outras instâncias que não as que zelam pelos nossos interesses, o que, com certeza, não aconteceria mesmo no caso dos três lugares existentes serem repartidos entre três diferentes Listas fossem elas quais fossem, desde que constituídas por Estudantes “livres”;
- Condescender com uma Associação Académica que, apesar do comportamento invertebrado, subserviente e de asfixia concertada aos que usam contestar o sistema vigente de instalados, desmereceu estas eleições para o primeiro Órgão de Governo da nossa Universidade ao ponto de: nem sequer fazer menção às aludidas na última RGA; da sua Direcção não proferir qualquer opinião e/ou posição a respeito; não divulgá-las em qualquer um dos meios de comunicação que detêm e alimenta a partir dos montantes que são pertença de todos os Estudantes da nossa Academia e não de certa e determinada clientela que usufrui abastados honorários e demais privilégios, baseados num curriculum de uma só linha – Associação Académica;
- Manter o apoio incondicional a uma Reitoria que:
• Constrói uma imagem de voláteis aparências para o exterior, sem atender ao imprescindível equilíbrio homeostático da Academia;
• Renegou aos compromissos assumidos com os Estudantes, muitos dos quais decorrentes de longos e árduos combates em pareceria, contra a anterior reitoria e em nosso favor (então julgávamos nós), nomeadamente as questões relacionadas com a abertura, acesso e frequência dos 2.ºs ciclos;
• Ao contrário do prometido, contínua a ser conivente com esquemas menos claros que envolvem o nome da UMa;
• Acabou por “premiar” todos quantos, durante anos a fio, arrastaram o bomnome da nossa Academia pela “lama”, descredibilizando-a perante tudo e todos;
• Numa atitude reprovável, quer “forçar” o Conselho Geral a se decidir, já no próximo mês de Junho, pela passagem da nossa Universidade a Regime Fundacional, afastando os Estudantes dos grandes centros de decisão. Além de que, em minha opinião e atendendo à actual conjuntura social, económicofinanceira e, principalmente, política que se vive no nosso país, esta postura consubstancia uma acto de profunda irresponsabilidade com o agravante de que, actualmente contadas as “espingardas” (e acabamos de perder mais uma ou, por outra, não a ganhámos) não vejo como é que poderemos evitar este mal;
• Parece ter esquecido o princípio democrático do diálogo construtivo, baseado na escuta activa das partes e no respeito pela pluralidade de opiniões;
- Eu, bem que poderia continuar mas o que aqui lavro não mais é do que um desabafo que, em propósito último, visa fornecer-vos alguns exemplos concretos dos dilemas com que me vejo obrigado a confrontar nesta minha ingrata tomada de decisão e, principalmente, um testemunho ad perpetuam rei memoriam.
Prezados,
Independentemente de, conforme supracitado, se tratar de uma vitória expressiva e de, em democracia, termos que respeitar os resultados, considero ser meu dever e obrigação não olhar para este mandato como um mero exercício de um cargo mas, antes e sempre, como um desígnio que teria que observar os mais elevados princípios que me regem.
Assim, nas actuais circunstâncias, vejo-me obrigado, moral e ideologicamente, a renunciar ao mandato de Conselheiro da UMa, devolvendo, à Academia, a responsabilidade de se pronunciar e adoptar uma atitude proactiva que dê forma e voz às suas mais do que legítimas pretensões.
Mais informo que, seja qual for a decisão dos meus companheiros de Lista e de Luta
concernente a esta minha decisão, respeitá-la-ei e, ainda, que se a Academia necessitar de mim estarei sempre disponível para lutar em prol do seu bom-nome, do bem-estar dos seus e em memória de todos quantos por e a Ela muito deram.
O Futuro a Vós e só a Vós pertence, não se esqueçam é que torna-se imprescindível começar a construí-lo no Presente.
Bem hajam em solidariedade académica.
Funchal, 22 de Abril de 2011
Odílio Nóbrega
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