Caro professor Eduardo Fermé,
Antes de mais gostaria de agradecer a sua constante disponibilidade para esclarecer questões pertinentes.
A minha intervenção vai apenas no sentido de dizer que os políticos e governantes responsáveis apregoam que a sociedade portuguesa contribui com 100% dos custos universitários e as propinas são complementares, existem para criar luxos extra para além do estrictamente necessário. Supostamente estes políticos estão lá para cumprir o seu dever e dizer a Verdade. É nesse sentido que existe contestação no tópico dos projectores e quaisquer outras faltas que existam na UMa. Mas toda a gente sabe que as universidades não nadam em dinheiro, especialmente a UMa. Conversas dessas são logo à partida do mais ridículo que pode existir.
A UMa tem graves problemas de financiamento e qualquer um que quiser colocar a mão na consciência imaginará o quão difícil é ter as coisas a funcionar todos os dias, especialmente quando há falta de recursos. Ainda bem que o salto tecnológico na burocracia tem sido enorme, o que permite poupar imenso tempo em filas de espera na secretaria, que independentemente da simpatia dos funcionários é um sítio que detesto (a simpatia geralmente existe excepto na época de inscrições pois eles ficam com os cabelos em pé nesse período). Mas se existem pessoas que cumprem o seu dever sem mácula, existem outros que possivelmente estão a mais, estão na função errada ou não estão devidamente motivadas. Tal como em todo o lado existem bons e maus profissionais. A queixa de alguém sobre os leitores da Revista Maria tem alguma razão de ser. Os alunos por vezes vêm pessoas vaguear pelo corredor com ar de quem acha as manhãs longas e as tardes compridas. É por demais óbvio que há pessoas que passam períodos consideráveis de tempo inactivas quando poderiam estar a ser pro-activas na prevenção ou resolução de pequenos problemas. Mas se calhar isto implica flexibilidade do trabalho e cria matéria para um qualquer sindicato convocar manifestações anti-exploração...
Quanto à demora da substituição do projector, imagino também que a burocracia ainda não pode ser alvo de um qualquer "choque tecnológico" e os passos que o professor descreveu demonstram claramente a máquina pesada do Estado a funcionar. Talvez se houvesse um sistema de help-desk para o registo de equipamentos avariados com seguimento do estado de resolução ao estilo de um RMA de um equipamento informático, as pessoas estariam menos irrequietas pois estaria à vista que é um processo em andamento. Mas como se tratam de processos tipo caixa negra em que não é visível esse andamento é natural que surjam este tipo de indignações.
Há que ser tolerante em ambos os lados. Se bem que normalmente tenha piada alguma ironia e faça chamar atenções mais rapidamente, normalmente acaba por gerar discursos injustos. Quanto ao DME, apenas espero que continuem o bom trabalho e que seja possível no futuro a informatização desses processos relacionados com a gestão de imobilizado. O infoalunos tem-se tornado ao longo dos anos uma grande ferramenta de relacionamento da UMa com os alunos. Não vejo outro caminho para a suplantação da falta de recursos humanos que não seja extender a mesma metodologia às restantes áreas de gestão.
Espero que com isso consigam ter receitas suficientes para criar horários mais condizentes com o estatuto trabalhador-estudante. A mim me darão um jeitão a partir do próximo ano, onde prevejo conseguir regressar às aulas.
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