Boa tarde,
Os nossos políticos dizem que vivemos na era do conhecimento... que a fonte de prosperidade nele reside... mas na prática, com Bolonha, devido à avaliação continua (qualquer item da avaliação no máximo só pode valer 40%)é quase impossível ganhar conhecimentos com o respectivo título... a não ser que deixemos cair um dos outros baluartes da vida em sociedade: a família ou o trabalho...
Penso que arranjar trabalho está tão difícil que não vale a pena deixar o meu emprego... e tenho contas para pagar...
Hoje não considero a hipótese de deixar a família para trás... hoje...
Julgo que o que se aprende na universidade também se poderá aprender sozinho (certamente será muito mais difícil e não se garantirá que o conteúdo será correcto e bem compreendido)...
Para mim, o interesse da licenciatura é o título, é a habilitação reconhecida pela sociedade (e pelos empregadores) que tenho um conjunto de qualificações... o que me permitirá ter trabalho e ganhar mais dinheiro que o operário indeferenciado (espero eu)...
Não acredito que algum empregador me contrate por eu afirmar que li um conjunto de livros...
Segundo Bolonha os cursos deixam de ser simplesmente uma garantia que um aluno tem certos e determinados conhecimentos... a garantia passa a ser que essa pessoa esteve desempregada, que se esforçou imenso em trabalhos cujo objectivo é discutível, e também que tem certos e deteminados conhecimentos...
Agora imaginemos uma empresa, como pode evoluir uma empresa se o seu quadro técnico não consegue ganhar novos conhecimentos...
(Sim é possível aprender sozinho... mas será que se aprende e compreende o que é correcto...)
Assim sendo, a única maneira de uma empresa ganhar novas competências é contratar alguém... e as pessoas com os conhecimentos desactualizados?
Pela lógica, vão para o desemprego... e aproveitam e actualizam os seus conhecimentos...
E, quanto aos conhecimentos não titulados da realidade da empresa (procedimentos, relações informais, contactos, entendimento da legislação) que essa pessoa ganhou com a experiência no trabalho? Obviamente perdem-se... e a empresa perde...
Só por mero interesse, a quem interessa a avaliação contínua (à necessidade de os alunos perderem muito tempo com as disciplinas obtendo os mesmos conhecimentos que ficariam se só tivessem que fazer um exame final)? Aos trabalhadores? Aos empregadores?
Se o problema fossem os conhecimentos suponho que fariam exames mais extensos ou regras de avaliação dos exames mais duras... (relembro que Bolonha diminuiu o número de anos para tirar a licenciatura/1º ciclo)
Conclui-se que alguns dos objectivos de Bolonha foram:
- o aluno passa a ter que se esforçar muito mais para na prática saber o mesmo e exercer exactamente da mesma maneira;
- o trabalhador estudante deixa praticamente de existir;
- para aumentar habilitações é necessário estar desocupado (desempregado);
- na sociedade do conhecimento,o desemprego e as dificuldades que o acompanham fazem parte integrante da vida profissional;
Julgo que fora dos grandes centros urbanos, regra geral, a formação não tem tanta qualidade nem diversidade, logo que Conhecimento vamos ter na Madeira... (existem muitos madeirenses que tiraram o curso no continente indo lá na altura dos exames)
Uma última questão, que empregabilidade terá um técnico superior de 45 anos?
Seja o que Deus quiser,