Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Joao Paulo Santos -
Número de respostas: 8

Boa noite,

O meu primeiro ano na UMA está a terminar e tudo indica que também será o ultimo.

No processo de candidatura, prova de acesso para maiores de 23, tive o cuidado de recolher o máximo de informação possível sobre o curso , inclusive o critério de avaliação para os alunos com o estatuto trabalhador-estudante. Nessa altura foi informado que o aproveitamento nas cadeiras não era  pendente da assiduidade, situação que vim a constatar não ser correcta.

Como é possível exigir que um aluno com estatuto trabalhador-estudante esteja limitado a uma falta ?

É verdade que em algumas cadeiras o docente demonstrou compreensão pelas faltas e permitiu a reposição das aulas em falta. No entanto existiram outros casos que não tiveram o mesmo desfecho, afinal quais são os objectivos do estatuto do trabalhador-estudante ? 

Este estatuto não foi definido pela UMA, mas deveria ser respeitado pela mesma.

As dificuldades para os alunos tabalhadores-estudantes não terminam aqui, existem muitas mais que podem ser enumeradas, como seja a definição dos horários das aulas.

Não pretendo UMA universidade adaptada às minhas necessidades, mas UMA que vá de encontro as necessidades dos seus alunos.

Em resposta a 'Joao Paulo Santos'

Re: Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Jorge Gonçalves -
Tenho de concordar com tudo o que foi aqui dito, pois o mesmo se passou comigo no 1º ano tendo eu que desistir do trabalho, perdendo alguns cadeiras pelo caminho que este ano foram feitas com suma facilidade.

Mas a questão é que nem todos podem se dar ao luxo de desistir dos trabalhos e a inflexibilidade de certos professores é engraçado para dizer o minimo.

Quando um aluno apanha um professor, como eu este ano, que simplesmente diz que não faz exame porque nao lhe apetece, dificulta imenso a compreensao das coisas que para mim já torna bastante dificil e ainda mais para os que trabalham actualmente.

Isto aliado a perca por faltas de cadeiras ainda por cima quando essas mesmas cadeiras são pertencentes a outro departamento, torna as coisas complicadas.
Em resposta a 'Joao Paulo Santos'

Re: Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Paulo Abreu -

Infelizmente, também eu tenho de concordar que o estatuto do trabalhador-estudante em algumas cadeiras está "reduzido", ao que o docente da mesma quer e não ao que devia ser. Havendo situações onde o docente pura e simplesmente ignora o facto, descartando-se com um simples: "pois, terá de decidir o que quer fazer...”. Eu já decidi o que quero fazer!! Quero acabar o curso!! Não quero “caridade”!! Mas tenho alguns problemas em aceitar o “desprezo”, bem patente em algumas das atitudes de certos docentes.

Pergunto-me se será assim tão difícil saber, quantos despachos foram deferidos para atribuição do estatuto de trabalhador-estudante, organizar os mesmos de acordo com os cursos de forma a poderem tomar decisões com estes dados adicionais!

Sabendo com antecedência que é difícil, (se não impossível!!), agradar a gregos e troianos, custa-me a acreditar que não exista uma forma de chegar a um consenso no que respeita aos horários, por exemplo! E como exemplo do que quero dizer, um aluno (trabalhador-estudante, com um horário das 9h ás 18h, com direito a 6 horas semanais para assistir ás aulas) que frequente duas cadeiras cujas aulas se iniciam ás 8:30 e têm a duração de 2 horas, assistiu a 4 horas de aulas e já usufruiu 3 horas das horas semanais a que têm direito para assistir ás aulas, e no entanto se estas aulas tivessem inicio ás 8:00, tinham assistido ás 4 horas de aulas e tinha apenas “usado” apenas 2 horas das horas semanais, sendo que a outra poderia ser usada para ir ás praticas ou teórico-práticas das mesmas. O mesmo exemplo poderia ser aplicado para as aulas na parte da tarde. É claro que nem todos possuem o mesmo horário de trabalho, foi apenas um exemplo. Mas de certeza que concordam que chegar ao local de trabalho ás 10:15 e chegar ás 10:45, terá diferentes reflexos e não é só ao nível da produtividade!!!

É natural que surjam outras variáveis associadas a esta problemática, (filhos, cônjuges, etc.) mas essas já são do foro pessoal e sou de opinião que cada um tem de superar essas “barreiras” por si. Mas o ideal seria que, apenas tivéssemos estas “barreiras” pessoais para ultrapassar, e não que a UMa fizesse parte desta lista de “obstáculos”.

Não queremos um regime de excepção nem facilidades nas exigências do curso, mas sim um pouco de bom senso na resolução de algumas dificuldades encontradas por nós.

Em resposta a 'Paulo Abreu'

Re: Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Herberto Silva -

Concordo com o Colega Paulo Abreu... as aulas com inicio as 8h00 facilitariam muito, e não perdendo horas chaves na nossa profissão. Esperemos que para o ano haja bom senso na elaboração dos horários e façam esse "jeitinho" ao pessoal trabalhador estudante.

Em resposta a 'Joao Paulo Santos'

Re: Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Miguel Silva -

Boa tarde,

Os nossos políticos dizem que vivemos na era do conhecimento... que a fonte de prosperidade nele reside... mas na prática, com Bolonha, devido à  avaliação continua (qualquer item da avaliação no máximo só pode valer 40%)é quase impossível ganhar conhecimentos com o respectivo título... a não ser que deixemos cair um dos outros baluartes da vida em sociedade: a família ou o trabalho...

Penso que arranjar trabalho está tão difícil que não vale a pena deixar o meu emprego... e tenho contas para pagar...

Hoje não considero a hipótese de deixar a família para trás... hoje...

Julgo que o que se aprende na universidade também se poderá aprender sozinho (certamente será muito mais difícil e não se garantirá que o conteúdo será correcto  e bem compreendido)...

Para mim, o interesse da licenciatura é o título, é a habilitação reconhecida pela sociedade (e pelos empregadores) que tenho um conjunto de qualificações... o que me permitirá ter trabalho e ganhar mais dinheiro que o operário indeferenciado (espero eu)...

Não acredito que algum empregador me contrate por eu afirmar que li um conjunto de livros...

Segundo Bolonha os cursos deixam de ser simplesmente uma garantia que um aluno tem certos e determinados conhecimentos... a garantia passa a ser que essa pessoa esteve desempregada, que se esforçou imenso em trabalhos cujo objectivo é discutível, e também que tem certos e deteminados conhecimentos...

Agora imaginemos uma empresa, como pode evoluir uma empresa se  o seu quadro técnico não consegue ganhar novos conhecimentos...

(Sim é possível aprender sozinho... mas será que se aprende e compreende o que é correcto...)

Assim sendo, a única maneira de uma empresa ganhar novas competências é contratar alguém... e as pessoas com os conhecimentos desactualizados?

Pela lógica, vão para o desemprego... e aproveitam e actualizam os seus conhecimentos...

E, quanto aos conhecimentos não titulados da realidade da empresa (procedimentos, relações informais, contactos, entendimento da legislação) que essa pessoa ganhou com a experiência no trabalho? Obviamente perdem-se... e a empresa perde...

Só por mero interesse, a quem interessa a avaliação contínua (à necessidade de os alunos perderem muito tempo com as disciplinas obtendo os mesmos conhecimentos que ficariam se só tivessem que fazer um exame final)? Aos trabalhadores? Aos empregadores?

Se o problema fossem os conhecimentos suponho que fariam exames mais extensos ou regras de avaliação dos exames mais duras... (relembro que Bolonha diminuiu o número de anos para tirar a licenciatura/1º ciclo)

Conclui-se que alguns dos objectivos de Bolonha foram:

  • o aluno passa a ter que se esforçar muito mais para na prática saber o mesmo e exercer exactamente da mesma maneira;
  • o trabalhador estudante deixa praticamente de existir;
  • para aumentar habilitações é necessário estar desocupado (desempregado);
  • na sociedade do conhecimento,o desemprego e as dificuldades que o acompanham fazem parte integrante da vida profissional;

Julgo que fora dos grandes centros urbanos, regra geral, a formação não tem tanta qualidade nem diversidade, logo que Conhecimento vamos ter na Madeira... (existem muitos madeirenses que tiraram o curso no continente indo lá na altura dos exames)

Uma última questão, que empregabilidade terá um técnico superior de 45 anos?

Seja o que Deus quiser,

 

Em resposta a 'Joao Paulo Santos'

Re: Era UMA universidade com trabalhadores-estudantes

por Duarte Santos -

Olá boa noite!

Antes demais, não posso deixar de comentar, que estou perfeitamente de acordo com tudo o que foi dito pelos meus colegas.

Este é o meu primeiro ano e a verdade, é que quando me candidatei à UMA, as condições do estatuto Trabalhador-Estudante eram as mesmas, que têm vindo a ser practicadas ao longo dos últimos anos. Agora, o que eu acho inadmissível, é que a meio do semestre se lembrem de alterar todas essas condições, que neste momento são totalmente INCOMPATÍVEIS com esse mesmo estatuto.

Agora eu pergunto, será que esta decisão não deveria ser tomada na altura das candidaturas????!!!!

Fica a questão em aberto, para alguém que queira comentar.

Sendo esta uma questão que a mim também diz respeito, não pude deixar de comentar. É apenas mais uma opinião!

Boa noite a todos e obrigado.

Em resposta a 'Duarte Santos'

Era UMa universidade com estudantes-trabalhadores

por Paulo Vieira -

Caros colegas,

Primeiro que tudo, boa tarde

Quanto às NOSSAS preocupações em relação ao estatuto de Estudante Trabalhador (para os que se auto sustentam neste pais e, particularmente, nesta Universidade). Pensem no seguinte.  O livre arbítrio  com que se ditam regras de frequência obrigatória às aulas, ao contrário do que a Lei (e não confundam lei com "Justiça" para não ficarem ainda mais decepcionados), poderá ter a ver com o facto de quererem obrigar os alunos a ficarem nas universidades por mais tempo. É que, com a falta de financiamento às mesmas, não convém a nenhuma universidade que os seus alunos terminem os cursos em 3 anos.

A questão é esta, para combater a falta de alunos, (logo de pagadores de propinas) será mais fácil obriga-los a ficar mais tempo para tirar o curso. Sempre são mais uns quantos que, mesmo ficando com uma ou 2 cadeiras atrasadas, pagam mais umas propinas. Afinal, independentemente do nº de alunos, os espaços são os mesmos, os professores idem aspas, e por ai adiante.

Somos uma forma de financiamento, quer queiramos quer não. Porque não são só as propinas que pagamos. São os outros serviços que, possivelmente, vão ser cada ves mais caros.

Preparem-se que as regras vão aumentar como mesmo objectivo.

Mas sou perfeitamente de acordo com a maioria das opiniões em relação a este assunto e ao ensino nesta casa.

Para terminar (por agora), deixo-vos os seguintes links

http://www.forum-ensino.com/

http://www.petitiononline.com/reform08/petition.html

"VIVA AO ENSINO SUPERIOR"

Muita SORTE para todos.

Em resposta a 'Paulo Vieira'

Re: Era UMa universidade com estudantes-trabalhadores

por João Pereira -

Caros Colegas;

Julgo que as Universidades ainda não perceberam que o futuro das suas existências, e refiro-me concretamente às suas fontes de receitas e de financiamentos do estado será muito rápidamente suportada pelos descriminados e marginalizados "Estudantes Trabalhadores"

Começando pelo rótulo atribuido a estes alunos, que além de gasto, se encontra totalmente desajustado, reflectindo de  certa forma do ponto de vista da pragmática, uma forma depreciativa e pouco valorizativa destes alunos.

O que podemos depreender em termos de análise, e nisso as palavras são muito traiçoeiras, e transpiram por "todos os poros", aquilo que dizemos sem o querer dizer, mas que de facto acaba sendo dito.

Esta classe, considerada como "outsiders" na vida universitária, desastibilizadora do actual "staus quo" e da boa vidinha de alguns professores, que se intitulam de "heróis", sempre que se disponibilizam para horários pós laborais, mas incapazes de disfarçar o seu incómodo e revelar a seu mau feito, reflatido naquilo que poderemos chamar de "atitudes xenófobas", relativamente aos estudantes trabalhadores.

Obviamente, na qualidade de aluno do curso de Ciências da Cultura, tenho que ressalvar o profissionalismo, a competênncia e o grande empenho dos professores das cadeiras fulcrais deste Curso (estudos literários, Linguas Estrangeiras, Retórica e Pragmática), olhamos com alguma apreensão e preocupação a forma de difererenciação negatica como temos sido tratados.

O que deveria ser motivo de valorização, pois voltamos oa ensino universitário com dificuldaes acrescidas de tempo, mas com forte convicção,  dedicação e esforço, pelo que as barreiras edificuldades que nos são criadas são claramente insustentáveis.

Já não é questão de legislação, falmos de bom senso e de respeito pelos alunos e pela própria instistuição; Universidade da Madeira.

Com a drástica redução das taxas de natalidade, com a necessidade imperiosa de requalificação das competências de todos aqueles que estão no mercado de trabalho, com aquilo que poderá de certa forma ser o garante da sobrivivência financeira das Universidades Portuguesas, já é tempo de sermos olhados de uma outra forma.

Ou as universidades se adaptam é realidade do mercado e dos potenciais alunos e das ua especificidade, ou então vamos concerteza ter graves problemas de sustentabiliadade destas instituições.

O Voltar á escola é o futuro. Teremos de saber até que ponto as Universidades estarão preparadas para estes novos desafios que se colocam.

João Pereira

1º Ano Ciências da Cultura